As nossas crenças têm grande influência na nossa vida. Ideias preconcebidas podem limitar a realização de sonhos e metas. Vejamos a seguir alguns exemplos que ilustram isso:
Estereótipo 1 – tenho que ser amado e aprovado por todas as pessoas que me rodeiam.
Exigir ser aprovado por todos é uma meta inalcançável. Quando precisamos de aprovação de uma forma exagerada, gera-se uma preocupação pelo nível de aceitação e gera também o servilismo e o abandono das próprias necessidades. A incerteza de não conseguir a aprovação dos outros, normalmente, cria um comportamento inseguro e incómodo, perdendo-se com isso o interesse dos outros.
Perguntas fortalecedoras: Devemos buscar aprovação constante dos outros? O reconhecimento alheio é prejudicial ou apenas quando nos preocupamos demais com isso? É mais importante sermos reconhecidos por quem somos ou pelo que fazemos? Devemos seguir as expectativas alheias ou fazer o que realmente desejamos?
Estereótipo 2 – devo alcançar o êxito e não cometer erros em qualquer tarefa que faça, se não for assim, sou um incompetente. se sou uma pessoa valiosa tenho que ser sempre competente.
Tentar ter êxito está bem, mas o exigir-se que se deve ter êxito é a melhor maneira de se fazer sentir incompetente e incapaz. Forçar-se mais do que o devido implica stress e doenças psicossomáticas. O indivíduo que luta pelo êxito total está em constante comparação com outros, perante os quais se sente inferior. Procurar constantemente o êxito distrai o indivíduo do seu autêntico objetivo de ser feliz na vida.
Perguntas fortalecedoras: Desfruta do processo ou apenas do resultado? Devemos deixar à margem aquelas tarefas nas quais podemos falhar? O erro é algo natural ou o que é natural é fazer tudo perfeito à primeira? O medo de fazer algo mal faz com que prefira não o fazer? Não é melhor agir, mesmo que o resultado não seja perfeito, do que não fazer nada?
Estereótipo 3 – As pessoas que não se comportam de forma correta devem ser culpadas e castigadas.
Quando um indivíduo demonstra atitudes demasiado negativas para si própria ou para os outros, torna-se evidente que essa pessoa precisa de ajuda psicológica, é alguém que não é consciente das consequências dos seus comportamentos. Castigar severamente aquele que comete determinados erros, normalmente, conduz a que o mesmo continue a comete-los. Por outro lado, uma atitude mais racional como o tratamento terapêutico ou neuroquímico favorece a mudança positiva. Atribuir-se culpa a si mesmo e gerar depressão, angústia ou ansiedade, como o culpar os demais, gerando raiva e hostilidade, conduz ao conflito pessoal ou social.
Perguntas fortalecedoras: Tudo o que as pessoas fazem de mal é porque lhe querem prejudicar? Quando a outra pessoa falha, você tenta pôr-se no lugar dela? Essas pessoas têm os conhecimentos e as capacidades para agir de forma correta? Castigar favorece a mudança positiva ou desenvolve a raiva? Já pensou em tentar descobrir o que acontece a outra pessoa ao fazer o que faz?
Estereótipo 4 – As coisas devem ser como eu acho que devem ser. Se não são assim, é uma catástrofe.
Não há razão para pensar que as coisas devam ser diferentes ao que realmente são, outra coisa é que agradem ou não. Estar abatido pelas circunstâncias não ajuda a melhorá-las e é possível que desta forma as piore. Quando uma coisa não corre bem, é correto lutar por mudança-las, mas não quando isto é impossível, a opção mais sã é aceitar as coisas como são. Apesar de ser frustrado ou privado de algo que deseja, sentir-se muito desafortunado é apenas consequência de considerar erradamente o desejo pessoal como uma necessidade fundamental.
Perguntas fortalecedoras: Exageramos as coisas negativas que sucedem à nossa volta? Posso mudar os meus sentimentos sobre uma situação que não correu como queria? Aquilo que se vai complicando é um afundar ou um desafio para si? E quando algo é impossível não podemos fazer nada para o mudar, isso afunda-lhe ou ajuda-lhe a sair à superfície?
Estereótipo 5 – A desgraça humana origina-se por causas externas e as pessoas têm pouca ou nenhuma capacidade de controlar as suas perturbações.
Os ataques verbais dos outros só afetam uma pessoa na medida em que, com as suas interpretações, os tenha em conta. A expressão “magoa-me que os meus amigos não me liguem nenhuma”, está mal formulada, uma vez que o que me dói é o significado que eu atribuo ao acontecimento. Apesar de que a maioria das pessoas possa acreditar que as emoções negativas não se podem mudar e simplesmente há que as sofrer, a experiência demonstra que é factível mudá-las.
Perguntas fortalecedoras: Podemos verbalizar e falar sobre as nossas emoções de uma forma menos destrutiva? As mesmas desgraças afetam a todas as pessoas do mesmo modo? Perante o que nos chega, só podemos sofrer porque nada depende de nós?
estereótipo 6 – devo preocupar-me e controlar tudo o que é perigoso ou ameaçador à minha volta.
Se se está muito preocupado por um assunto de risco, o nervosismo impede de ver realmente a gravidade do assunto. A ansiedade intensa perante a possibilidade que aconteça um perigo, impede encará-lo com eficácia quando realmente acontece. A maioria dos factos temidos e perigosos ( como as doenças) são muito menos catastróficos quando realmente acontecem, mas a ansiedade ou o medo de que aconteçam constituem algo até mais dolorosos do que a própria situação temida.
Perguntas fortalecedoras: É melhor esconder os nossos medos ou é melhor encarará-los de vez em quando? algo que nos dá medo e que finalmente acontece é mais doloroso antes ou depois de acontecer? É a ansiedade aquilo que faz com que o medo nos possa ameaçar apesar de não se ter materializado? Serve de alguma coisa procurar-se hoje de algo que vai acontecer inevitavelmente no futuro?
estereótipo 7 – posso ser mais feliz evitando do que enfrentando as dificuldades e as responsabilidades da vida.
Apesar de que às vezes é mais cómodo abandonar determinadas atividades por consequências desagradáveis, isso tem grandes consequências negativas, por exemplo, deixar de estudar, de trabalhar ou de realizar qualquer atividade que exige esforço físico ou psíquico. A autoconfiança nasce ao realizar atividades, não evitá-las. Se se evitam, a existência será mais fácil, mas, ao mesmo tempo, aumenta o nível de insegurança e desconfiança pessoal. Apesar de que muita gente supõe que uma vida fácil, evasiva e sem responsabilidades é algo apetecível, a experiência demonstra que a felicidade do ser humano é maior quando está comprometido com um objetivo difícil e a longo prazo.
Perguntas fortalecedoras: É mais cómodo abandonar a tarefa à menor dificuldade do que fazer um esforço em continuar? É mais cómodo deixar-se levar pela preguiça do que partir para a ação? Ganhamos mais confiança em nós mesmos quando evitamos fazer uma atividade ou quando a levamos a cabo? Planifica e estabelece metas de curto, médio e longo prazo que o ajude a gerir as suas responsabilidades?
estereótipo 8 – precisamos confiar e depender de alguém mais forte do que nós.
Apesar de ser normal ter um certo grau de dependência dos outros, não se deve chegar ao ponto de que os demais escolham ou pensem por nós. Quanto mais se depende dos outros, menos se esconde autonomamente e mais se age pelos demais, perdendo a liberdade de escolha. Quanto mais se deixam as decisões nos demais, menos oportunidade tem uma pessoa de aprender. Pelo que agindo assim se cria mais dependência, insegurança e perda de autoestima.
Perguntas fortalecedoras: Deixar a tomada de decisões para os outros ajuda-lhe a crescer ou faz-lhe mais pequeno? Tomou decisões importantes no último mês? Aceita a ajuda dos demais quando pensa que é necessária, mas também se esforça por realizar ações e responsabilidades por si mesmo? Prefere arriscar a não falhar e deixar a decisão para outro?
estereótipo 9 – o meu passado é a causa de hoje estar como estou.
Quanto mais influenciado está pelo passado mais se utiliza soluções aos problemas que foram utilizadas no passado, mas que hoje podem ser ineficazes e, portanto, perde-se a oportunidade de encontrar outras atuais e mais úteis. O passado pode ser utilizado como desculpa para evitar enfrentar às mudanças no presente e dessa maneira não realizar o esforço pessoal necessário.
Perguntas fortalecedoras: O seu passado chega a ser tão importante que o bloqueia ao encerar o presente? Podemos conseguir um amanhã mais satisfatório ou tudo vai ser pior? Considera-se consciente de que para que as coisas mudem, as suas respostas devem ser diferentes das “automatizadas”? Sabe que o passado nos serve para entender o presente, sabe identificar que história antigas o paralisam hoje?
Estereótipo 10 – devo preocupar-me pelos demais quando têm problemas e devo estar triste quando eles estão tristes.
Apesar de que os outros tenham comportamentos que nos irritem, esse sentimento não resulta do comportamento da pessoa, mas sim daquilo que a pessoa se diz a si mesma. Por muito que não goste do comportamento dos outros, isso não faz com que os outros o mudem, deve-se aceitar que não se tem o poder de mudar as outras pessoas. E se por acaso o consegue, pagou um preço muito alto com a sua perturbação e deve procurar outra formas menos destrutivas de tentar, sem se alterar, que os demais corrijam os seus erros.
Perguntas fortalecedoras: Considera-se consciente de que os seus desgostos não ajudam a solucionar os problemas dos outros? Como pode ajudar os outros sem se deixar ir à baixo? Considera-se útil para quem está ao lado quando se sente triste?
Portanto, na maioria das situações, é fundamental formular perguntas assertivas para obtermos orientações eficazes tanto internamente quanto externamente.